Estudos de viabilidade da usinas do Madeira alertaram para o perigo de blecaute. A extensão (2 450 quilômetros) prevista para o sistema de transmissão, que escoará a energia gerada pelas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, e a considerada baixa inércia das suas máquinas (turbinas bulbo), imporiam condições que poderiam levar a um blecaute. As características associadas, impedância (relação entre tensão e corrente) de transferência e número de circuitos apontam para uma deficiência na segurança da operação para escoamento da potência plena das usinas do Madeira.
O problema mais evidente seria o da “instabilidade transitória” nas máquinas (turbinas bulbo) em Santo Antônio e Jirau, ou seja, perda de sincronismo na primeira oscilação imediata decorrente de distúrbios no sistema. Eventos simulados (conforme constam nos Estudos de Viabilidade de Santo Antônio e Jirau elaborados por Furnas e Odebrecht, de 2004) sinalizam que, tecnicamente, sob o prisma da estabilidade, um sistema de transmissão para escoamento de plena potência das usinas (planejada para gerarem 6.450 MW), poderia resultar em impedância por transferência excessiva entre os sistemas – isto é, as usinas do Madeira e o sistema interligado estariam demasiado afastados eletricamente quando interligados. (TM)
A gravidade e a probabilidade de ocorrência dos eventos que levariam as máquinas geradoras à perda de sincronismo, em função da extensão dos circuitos sujeitos a essas falhas, poderiam inviabilizar a interligação desse porte/distância, pois o sistema dependeria de medidas operativas (atribuição do Operador Nacional do Sistema - ONS) em tempo real, para manter a estabilidade.
Máquinas bulbo
Outra restrição muito grave seria relacionada à escolha das máquinas bulbo, que poderiam sofrer mais facilmente o que chamam tecnicamente “perda de sincronismo” e essa chamada “instabilidade transitória” causaria, no sistema de transmissão, uma sobrecarga que requereria a retirada de ação imediata de pelo menos 20 máquinas nas usinas Jirau e Santo Antônio.
A provável ocorrência desses eventos precisaria ser analisada com profundidade antes da opção definitiva pelas máquinas bulbo. A transmissão da energia gerada em Santo Antônio e Jirau necessitaria de um monitoramento e uma intervenção muito rápida – em tempo real - para a retirada de defeitos e evitar a perda de sincronismo das máquinas e o blecaute no sistema. ™
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