“Ao contrariar frontalmente as aspirações e os direitos das comunidades afetadas e dos povos indígenas da Amazônia, das organizações ambientalistas e dos movimentos sociais, o Complexo Hidrelétrico do rio Madeira está criando um sério precedente que abrirá as portas para outros grandes projetos estruturantes na América do Sul que poderão exaurir os recursos naturais necessários à sobrevivência dos povos amazônicos”.
“Para manter a riqueza desse patrimônio biológico e das culturas imemoriais das comunidades e dos povos indígenas há a necessidade de ações coordenadas, harmônicas e integradas dos governos dos países americanos e a intervenção de instâncias internacionais como a dessa Comissão, para fazer valer os princípios que norteiam os direitos humanos.”
Telma Monteiro
Washington é uma bela cidade. Eu não a conhecia e quase sucumbi aos seus encantos. Gente feliz, cidade limpa, ruas seguras, aconchego, festas e comemorações. Esse foi o intróito para se chegar à realidade do resto do mundo, em especial da América do Sul. Para o americano médio, essa realidade não existe e o conhecimento sobre as violações dos direitos humanos está fora do seu alcance.
Várias audiências na Comissão davam conta das denúncias sobre a violação dos Direitos Humanos perpetrada por empresas e governos contra povos indígenas, populações tradicionais, mulheres e crianças nos países da América Central e do Sul. O Brasil esteve representado na agenda em três audiências. Uma delas foi sobre os grandes projetos hidrelétricos na América do Sul e, lógico, não poderia faltar a descrição do projeto de Belo Monte. Outra foi sobre violações dos direitos humanos pedido pela FASE. E a nossa, sobre os projetos da Iniciativa para Integração da Infra-estrutura Sul americana (IIRSA), com o grupo formado por dois representantes da Bolívia, um do Peru e eu.
Os líderes indígenas da Bolívia e do Peru denunciaram os impactos dos projetos de infra-estrutura e de energia e relataram a acelerada destruição dos recursos naturais que afetam a sobrevivência dos povos indígenas. Representando a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, fiz a denúncia contra o governo brasileiro e seus projetos de geração hidrelétrica na Amazônia, em especial a construção das usinas Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira. Mencionei os impactos sobre terras indígenas, índios isolados, contaminação pelo mercúrio, o aumento da malária e o grave episódio da mortandade dos peixes nas obras da hidrelétrica Santo Antônio.
Em minha fala referi-me, entre outras coisas, à megalomania do governo brasileiro que planeja construir 71 hidrelétricas na Amazônia, 15 no Peru e 3 na Bolívia. Denunciei o processo de licenciamento das usinas do Madeira em que as licenças foram concedidas por pressões políticas e os estudos ambientais não levaram em consideração todos os impactos sociais e ambientais.
Dois membros da Comissão ficaram surpresos com os fatos que mencionei e fizeram perguntas com relação à consulta aos povos indígenas e o deslocamento compulsório das populações afetadas.
Aqueles que quiserem conhecer o texto, na íntegra, da minha fala sobre o Madeira, cliquem aqui. Esse documento foi entregue à Comissão.
Aqueles que quiserem assistir ao vídeo completo da audiência, com as denúncias de todo o nosso grupo, cliquem aqui.
Nota à imprensa (em espanhol), clique aqui
Cara Telma,
ResponderExcluirSou Nelson Townes, jornalista, editor do site www.noticiaRo.com, de Porto (RO), que desde 2007 denuncia os crimes sociais e ambientais causados pelo Complexo Hidrelétrico quw está sendo construído no rio Madeira, as usinas de Santo Antonio e Jirau. Tenho usado material publicado por V. (e peço que me autorize a continuar a usá-lo) para fundamentar as denúncias que venho fazendo desde que foi anunciada a construção das hidrelétricas e percebi as mentiras,a exclusão do povo das discussões sobre os perigos e impactos dos empreendimentos e, principalmente a inutilidade deles e a impossibilidade ambiental e social do uso rio Madeira - um rio atípico no Brasil, e que não serve para esses projetos. Peço-lhe o favor de acessar o site, ver as matérias anteriores (mais de 100) através das palavras chuvas hidreléricas, rio madeira, enotcidio e piracema, na janela de busca de matérias anteriores.
E me ajude a popularizar as denúncias que estamos fazendo. A mídia em geral em Rondônia silencia sobre tudo o que se escreve contra as hidelétricas, ou através da censura econômica (os consórcios tornaram-se alguns dos princioais anunciantes)ou até ameaças.
Nosso sindicato dos jornalistas aqui se omite. A sociedade de Rondônia está como que hipnotizada, sob efeito de uma verdadeira lavagem cerebral, ainda acreditando que as esmolas dos royalties das hidrelétricas, e que as verbas do PAC - que não garantem receita sequer para a manurenção dos equipamenros ou infra-estrutura- promoverão o desenvolvimento deste Estado e gerarão empregos. A classe política em geral apóia as hidrelétricas.
Este site e seus colaboradores, um grupo de jornalistas e líderes comunitários que se recusa a silenciar, está tentando mobilizar a sociedadade para paralisação dessas obras definitivamente.
São grandes as dificuldades que enfrentamos na resistência à destruição do rio Madeira, da fauna, flora e, principalmente, ao etnocídio dos povos ribeirinhos da floresta que já está em curso.
Precisamos apenas que V. e seus amigos dêem vsibilidade ao drama de Rondônia. O rio Madeira foi roubado os rondonienses e nosso povo ainda não percebeu que é refém das hidrelétricas.
Divulgue nosso site aos seus amigos,
Atenciosamente
Nelaon Townes (69) 9208 21 56
Caro Nelson,
ResponderExcluirObrigada pelo comentário. O objetivo deste blog é, justamente, fornecer subsídios para a sociedade sobre as questões de energia - geração e transmissão.
Tenho procurado difundir informações sobre os problemas que acompanham as grandes obras de infra-estrutura na Amazônia.
Você tem toda a liberdade de usar as informações e, apenas, não esqueça de mencionar a fonte.
Abraço e parabéns pelo trabalho!
Telma