terça-feira, 10 de maio de 2011

Belo Monte e a Mineração

As ligações entre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na Bacia do Rio Xingu e o Plano Nacional de Mineração 2030, possuem ligações intimas. O PNM 2030, citado por nós a três dias, mostra uma verdadeira aliança com o projeto da nova Usina. O governo federal investirá bilhões de reais no mercado da Mineração do Brasil.
Terras Indígenas e processos de mineração em Belo Monte
divulgação Telma Monteiro
Contudo, todo esse investimento minerário precisa de alicerces para a sua sustentação. É nesse sentido que o projeto do Rio Xingu entra no contexto. A história nacional, nos mostra que outras usinas hidrelétricas são fundamentais para grandes empresas do setor minerário nacional. A exemplo disso, lembremos da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, construída em 1984. Hoje, o respectivo empreendimento, fornece 40% da Energia para o Complexo do Carajás( maior mina de ferro do mundo).
Existem diversas críticas ao empreendimento do Xingu: Ambientais e Sociais. Entretanto, dentro do projeto, um referido ponto chama atenção: A construção da infraestrutura dos canais. Um dos pré-requisitos para á construção de um canal é conhecer o embasamento geológico que está na região a ser levantado o empreendimento. Não só para um canal, mas para qualquer empreendimento da construção civil, pois construir em um embasamento cristalino tem consequências bem dispares em relação a um relevo cárstico.  Todavia, como é de conhecimento de muitos especialistas, a classificação geológica e o aprofundamento das suas características na região amazônica é  insuficiente para análises mais rebuscadas.
O Plano Nacional de Mineração afirma isso quando diz: ” O conhecimento Geológico é importante para descoberta e aproveitamento dos recursos minerais e hídricos, para o planejamento e a execução dos projetos de infraestrutura e para o ordenamento territorial, bem como a indicação dos processos geológicos que revelam mudanças ambientais atuais e pretéritas”. PNM2030; Página 29; Item 1.2.
Hoje, na região Amazônica temos um mapeamento cartográfico de 1:1.000.000, ou seja, a conversão representa 1 centímetro no mapa equivalente a 10 kilometros no real. Para resolver esse mapeamento que é oriundo da ditadura militar, projeto RADAM BRASIL, o PNM2030 planeja novos mapeamentos.  Veja na página 12 do PNM2030.
Contudo, o governo federal para atender mercados diversos e entre eles o minerário, parece “dar um tiro no próprio pé”, pois reconhece explicitamente que é necessário conhecer a Geologia para um planejamento nacional. Entretanto, pretende construir dois canais maiores que o Canal do Panamá, sem conhecimento cientifico suficiente.  O governo que iniciar Belo Monte ainda esse ano, mas o mapeamento é para os próximos 20 anos. Toda essa contradição, caso seja realizada Belo Monte, trará um maior faturamento das obras, pois não se conhece o embasamento geológico profundamente como deve ser.
P.s: para obter mais informações sobre Belo Monte, acesse o Blog do procurador da República Felício Pontes Junior, uns dos agentes na luta contra a construção e extremamente ativo no caso. Hoje, saiu uma notícia que os consórcios do empreendimento entraram com um pedido, no Consórcio Nacional do Ministério Público, contra o procurador para tirá-lo do caso, devido as publicações no seu Blog.

Um comentário:

  1. "Em busca de carvão vegetal barato:
    o deslocamento de siderúrgicas para a Amazônia*
    Maurílio de Abreu Monteiro**

    EM BUSCA DO ELO PERDIDO

    Como não é assunto de nossa alçada reproduzimos “ipsis literis” um resumo do brilhante trabalho feito pelo próprio autor a quem cabe os créditos:

    Maurílio de Abreu Monteiro

    O artigo analisa o processo de instalação, na Amazônia Oriental brasileira, de diversos
    produtores independentes de ferro-gusa, nas últimas duas décadas. Foram implantadas no Corredor da Estrada de Ferro Carajás doze siderúrgicas. São empresas dedicadas somente à produção desta commoditie cuja produção requer elevada quantidade de energia suprida por carvão vegetal.

    Neste artigo, mostramos que houve deslocamento para a Amazônia de indústrias que
    até os anos 90 estavam concentradas exclusivamente no Sudeste brasileiro e que a demanda de carvão vegetal consolidou-se como principal elo de articulação da siderurgia com a socioeconomia da região de Carajás.

    A produção de carvão vegetal tem acarretado muitos impactos sociais e ambientais na região Amazônica. Impactos que se materializam pela ampliação da pressão exercida sobre a floresta amazônica, por práticas ambientalmente imprudentes e pela produção do carvão vegetal sustentada por trabalho precário, mal remunerado e insalubre.

    Exemplo de um cenário diante do qual se desenha como alternativa é a manutenção da fabricação de ferro gusa nos moldes atuais e a incorporação de pequenos fornos elétricos a arco para a produção de aço. Contudo, a possível instalação de mini-aciarias na região, por si só, não resolve o principal problema socioambiental que envolve o beneficiamento do minério de ferro na região, vinculado aos efeitos deletérios da produção carvoeira, podendo inclusive agravá-los".
    comentário nosso
    Repete-se ao longo da ferrovia carajás o mesmo que devastou região do cerrado mineiro em relação às pequenas siderúrgicas de ferro gusa: por aqui construiram os reservatórios de furna e Itumbiara com a diferença que aquí o cerrado foi previamente devastado. Em carajás acabarão construindo reservatórios sobre áreas que fatalmente serão devastadas pela intensa ocupação com atividades predatórias: madeireiras, gado extensivo e siderúrgicas.

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