Por Otávio
Rodrigues para Ponto de Pauta
O
vídeo produzido por estudantes paraenses, lançado essa semana na rede de
internet [AQUI]
ajudou a jogar mais lenha na ardente fogueira que envolve a construção da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Contrários
à obra, que consideram uma “maracutaia política”, resolveram partir para o
ataque, criticando a postura de alguns estudantes que teriam gravado um vídeo
sob encomenda da NESA, consórcio responsável pela obra.
“Até uns bundões resolveram meter o bedelho” diz um dos estudantes.
Os tiros verbais foram dirigidos principalmente contra o governo brasileiro, a
quem acusam de terem o “rabo preso” com grupos econômicos.
Ao
contrário de outros vídeos produzidos nesses tempos de “Gota d’Água” que também
alimenta a polêmica , este fez questão de se afastar dos intermináveis
argumentos e análises científicas contrárias à obra, contribuições já
fartamente disponibilizadas por especialistas das várias áreas de conhecimento,
espalhados por milhares de sítios e blogues dedicados aos temas ambientalistas.
A
turma do Pará optou por colocar no centro do debate o direito universal à vida.
“Somos a favor da vida, se a destruição chegar, que chances terão esses povos,
seus costumes, suas línguas e tradições? Para os burocratas do governo, os
números e cifrões valem mais que a vida, quando não é a deles”, destacam em
suas falas.
E
de fato, esse é o grito que vem sendo ecoado nas últimas três décadas, para
além das fronteiras do Xingu, e que o governo continua fazendo questão de não
ouvir. O governo brasileiro não respeita o direito dos índios do Xingu de serem
consultados antes da construção da usina em suas terras. O direito das oitivas
está previsto no Artigo 231, da Constituição Brasileira, e na Convenção 169, da
Organização Internacional do Trabalho, Tratado do qual o país é signatário.
Mas
voltando ao vídeo, se o objetivo era apimentar a polêmica, o intento, sem
dúvida, foi alcançado.
-“Vcs
são ridículos, bando de idealistasinhos ambientalóides universitários de
shopping. Belo Monte para o crescimento do Brasil não parar.”
-“Gostei
muito, principalmente pq são estudantes do norte, da amazônia, ou seja da
região afetada. Adorei quando chamaram os mauricinhos da UNICAMP de
cara-pálida. E aos que se prendem a números argumentos, abram seus olhos e se
possível,
os corações tb. O maior argumento usado pelos estudantes é a VIDA. Precisa
mais?
-Racistas
de merda + argumentos de merda + merda nenhuma de conhecimento = essa merda de
vídeo.
-A
estas pessoas eu digo: Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se
come!. Esses são alguns dos comentários que circulam na rede.
Os
jovens que protagonizaram o vídeo são ativistas de movimentos sociais e
reconhecidos pela luta que desenvolvem contra o barramento dos rios na
Amazônia. São conhecedores do assunto e com domínio cientifico, sendo frequente
vê-los em Belém e em outros cantos do Pará, participando de debates e de
eventos voltados para estudos sobre o assunto e em atos de protesto contra a
construção da usina.
Recentemente,
por ocasião do Seminário Mundial contra Belo Monte, ocorrido no final de
outubro, em Altamira/PA, que culminou com a ocupação do canteiro da obras,
centenas de indígenas, reunidos ao vivo e a cores, clamaram pelo direito à
vida. As vidas em questão que, talvez, não signifique muito para alguns caras
pálidas de plantão.
Otávio
Rodrigues é membro do Comitê Metropolitano Xingu Vivo e do Ponto de Pauta
E
mais: Um grupo de estudantes, professores, indígenas, agricultores,
ambientalistas e moradores de Altamira lançou, na sexta-feira, 9, um vídeo [AQUI]
em resposta ao vídeo de estudantes de engenharia da Unicamp – por sua
vez, uma resposta ao vídeo realizado por artistas ligados
ao Movimento Gota d’Água, que questionava a construção da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte.
O
vídeo foi produzido pelo Movimento Gota d’Água, que visitou a região afetada
pela barragem no início de dezembro.
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