O
que o seu banco tem a ver com a expulsão de mais de 20 mil pessoas de suas
casas e terras, o alagamento de uma área maior que a cidade de Curitiba e a
destruição de um rio na Amazônia? Tudo. Ou nada. Depende de você.
Esse
é o tema da campanha: “Belo Monte: com meu dinheiro não!”, que está sendo
lançada nesta quinta, 8, pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre e organizações
parceiras. A campanha visa incentivar a sociedade brasileira a pressionar
bancos públicos e privados a não participarem do financiamento da hidrelétrica
de Belo Monte, projetada em um dos trechos de maior biodiversidade no rio
Xingu, no Pará.
Belo
Monte, assim como todas as grandes obras do PAC, depende financeiramente de um
enorme empréstimo do BNDES para se viabilizar. O banco, que prometeu financiar
80% da obra, no entanto, não pretende assumir sozinho os riscos dessa operação.
Boa parte dos recursos poderá ser transferida para outros bancos, privados e
públicos, que deverão assumir parte dos contratos, podendo ser
co-responsabilizados, dessa forma, por todos os danos, impactos e crimes
ambientais e sociais, diretos e indiretos, causados por Belo Monte.
Como
grande parte dos recursos do BNDES advém de fontes como o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS), o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o PIS/PASEP,
é, em última instância, o dinheiro do trabalhador brasileiro que poderá
viabilizar a usina.
Por
duas vezes, organizações da sociedade civil alertaram os bancos, através de
notificações extrajudiciais, dos riscos econômicos, jurídicos e de imagem
inerentes à participação no financiamento de Belo Monte. Os alertas foram
sistematizados no dossiê “Mega-projeto, Mega-riscos”, enviado a instituições
financeiras e empresas no final de 2010, e que frisou:
"o licenciamento ambiental de Belo Monte é questionado por mais de 10 ações na Justiça, seus impactos são imensuráveis e ferem frontalmente os Princípios do Equador, tratado internacional de sustentabilidade do sistema financeiro, do qual a maioria dos bancos é signatária."
Agora,
é o cliente que deverá cobrar diretamente do seu banco que não se envolva com
Belo Monte, sob risco de perder contas e de prejudicar irreversivelmente a sua
imagem. Em um site desenvolvido especificamente para a campanha “Belo Monte:
com meu dinheiro não!”, estão disponíveis links que poderão ser facilmente
preenchidos e, num clic, enviarão uma mensagem ao Banco do Brasil, Banco da
Amazônia, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú Unibanco, HSBC ou Santander,
com cópia para o BNDES, exigindo a desistência do financiamento da usina.
“Vamos
usar todos os meios, todas as mídias sociais, todas as manifestações de rua,
para difundir essa campanha. Milhares de pessoas que são contrárias a Belo
Monte têm perguntado o que podem fazer para paralisar esse projeto, e essa é
uma forma simples e eficiente. Sem dinheiro, a usina não sai. Se todos os dias
as pessoas mandarem uma mensagem aos bancos, se usarem o Facebook e o twitter
para se comunicar com eles, se ligarem para o SAC, e se repassarem a campanha a
seus amigos e familiares, a corrente poderá ser poderosa e efetiva”, explica
Maira Irigaray, coordenadora da campanha. Segundo ela, o objetivo é levar os
bancos a se manifestarem publicamente que não financiarão Belo Monte. “Quando
isso acontecer, quando os bancos firmarem um compromisso público e com o
Movimento Xingu Vivo de não-financiamento da usina, seus nomes serão retirados
da página e terão o reconhecimento da campanha”, explica Maira.
Participe da campanha
“Belo Monte: com meu dinheiro não!”:
Para
saber mais:
- Relatório “Mega-projeto, mega-riscos”
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