Expedição da Funai realizada neste ano encontrou vestígios de grupo não contatado na TI Katauixi/Jacareúba, na divisa do Amazonas com Rondônia |
Elaíze
Farias
Expedição
da Frente de Proteção Etnoambiental do Madeira (FPEA Madeira) da Fundação
Nacional do Índio (Funai) confirmou a presença de índios isolados em uma área
da Terra Indígena Katauixi/Jacareúba, no Estado do Amazonas, entre os
municípios de Lábrea e Canutama, na divisa com Rondônia.
A
área onde vestígios, pegadas e outros sinais da presença de índios isolados
foram encontrados fica a 30 quilômetros do canteiro de obras das hidrelétricas
de Jirau e de Santo Antônio. A Funai baixou uma portaria reconhecendo a
presença do grupo e restringindo o acesso ao local, com delimitações na região.
A
confirmação de índios isolados foi feita pela expedição da FPEA Madeira em
outubro deste ano, mas o relatório da Funai só veio à público neste mês, quando
ele foi publicado no blog a Coordenação Regional Madeira, mas retirado em
seguida.
Nesta
segunda-feira (26), o coordenador da FPEA Madeira, Rogério Vargas Motta, ao ser
procurado pelo portal acrítica.com, confirmou que há dois meses a expedição
formada por ele e outros funcionários da Funai, além de dois indígenas da etnia
apurinã, foi abordada por meio de assobios simulando sons de animais pelos
índios isolados.
Motta
disse que as informações sobre a presença deste grupo contatado já existia há
20 anos, mas somente agora é que os vestígios foram detectados. Há suspeitas de
que os índios isolados pertençam ao mesmo grupo dos índios da etnia juma, cujos
últimos remanescentes são apenas quatro pessoas.
Assobios
Motta
conta que durante a expedição, que começou a operar neste ano, a equipe subiu
as cabeceiras do rio Paciá (afluente do rio Purus e Amazonas).
A
confirmação da existência dos índios isolados seu deu no meio da mata, por meio
de diferentes manifestações: sinais de pegadas, quebradas e torções de
arbustos, galhos cortados, palhas trançadas e assobios. A expedição optou por
não se aproximar dos indigenas, adotando uma estratégia diferente da realizada
no passado.
“Os
apurinã morrem de medo deles. E não podíamos chegar muito perto porque
poderíamos levar flechadas. A metodologia da Funai não é fazer contato. Se
identificamos vestígios, optamos por nos afastar”, disse Mota.
Vulneráveis
O
coordenador de índios isolados da Funai, Leonardo Lenin dos Santos, disse ao
portal que os trabalhos da FPEA Madeira vão ser intensificados.
“A
presença dos indígenas está em uma área próxima de dois empreendimentos. A
frente foi criada justamente em função de indícios de índios isolados e da sua
vulnerabilidade”, disse.
Santos
disse também que as expedições vão continuar para que sejam elaborados
“subsídios para a Funai” executar ações visando a proteção dos indígenas
isolados a partir de 2012.
Rogério
Vargas Motta reiterou que é preciso elaborar um Plano de Trabalho mais duradouro
junto à área dos índios isolados para evitar impactos sociais provocados pelas
duas hidrelétricas e pelo avanço de invasão nas áreas sobrepostas – o local
fica no entorno do Parque Nacional Mapinguari e Terra Indígena Caititu.
Segundo
Motta, há outros indícios da presença de outros grupos isolados na região e não
apenas este confirmado em 2011 pela FPEA. Fonte: A Crítica.com
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