As primeiras intervenções no Rio Xingu, relacionadas à construção de Belo Monte, já estão em andamento. No trecho que margeia o Sítio Pimental, onde ocorrerá o barramento do rio, está sendo feita a primeira ensecadeira
Publicado em 16 de janeiro de
2012
Por Xingu Vivo
Texto: Ruy Sposati
Fotos: João Zinclar
Fotos: João Zinclar
As primeiras intervenções de
maior porte no Rio Xingu, relacionadas à construção de Belo Monte, já estão em
andamento. No trecho que margeia o Sítio Pimental, onde ocorrerá o barramento
do rio, os construtores da usina estão fazendo a primeira ensecadeira –
pequena barragem provisória para desviar parte do curso da água e permitir que
se trabalhe em seco na construção do “paredão” da barragem definitiva -, como
constatou a equipe do Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) neste domingo,
15.
Segundo um técnico ambiental
que estava no local, esta é a primeira de três ensecadeiras para a construção
da grande barragem de Belo Monte. Outra menor está prevista próxima à casa de
força do Sítio Belo Monte, na altura do km 50 da Rodovia Transamazônica.
“A obra começou logo depois
do ano novo”, contou um barqueiro que trafega pela área.
Contudo, segundo ele,
a primeira tentativa de erguer a barreira provisória, feita apenas com terra,
foi levada pela correnteza. “Agora, eles também estão usando cascalho, pra ver
se segura”, comentou. Também a ilha em frente à obra, onde passará o
barramento, já está sendo desmatada. A autorização para supressão de vegetação
foi dada pelo Ibama e prevê a derrubada de 5 mil hectares de floresta.
Moradores das comunidades e
aldeias mais próximas afirmam que ninguém foi avisado do inicio da construção
da ensecadeira. Ao verem as imagens mostradas pelo Xingu Vivo, muitos
mostraram-se atônitos. “A gente não sabia disso. Começamos a ver que a água
está vindo toda suja, toda barrenta , mas a gente não sabia porque. Com isso
que vocês estão nos mostrando, morremos de tristeza. Não fizeram nada na
aldeia [cumprimento de condicionantes], e estão assassinando nosso rio”, disse
o guerreiro da aldeia Paquiçamba, Josinei Arara. Já entre os ribeirinhos e
pequenos agricultores, muitos ainda não saíram de suas ilhas, casas ou
comunidades, e afirmaram que só tem ouvido muitas explosões, cujo barulho e
trepidação chega a incomodar.
De acordo com o geógrafo
Brent Millikan, coordenador da ONG International Rivers no Brasil, os impactos
das ensecadeiras já ameaçam o rio.“Com as ensecadeiras vem o desmatamento na
Ilha do Pimental e ilhas vizinhas, assim como explosões de pedra e
terraplenagem, despejando sedimentos que os moradores da Volta Grande já estão
percebendo. Um dos impactos principais é sobre os peixes que transitam
pelo rio.Na usina de Santo Antonio, no rio Madeira, por exemplo, muitos peixes
ficaram presos entre as ensecadeiras e morreram”.
Segundo os moradores locais,
uma grande preocupação agora é com a navegação do rio. “Não sabemos como vamos
atravessar essas barragens, se eles fecharem o rio”, explica um dos barqueiros.
De acordo com os indígenas da aldeia Arara da Volta Grande, a Norte Energia
apenas apresentou duas animações de um sistema de “transposição” das
embarcações, feita por um guindaste, que suspenderia os barcos e os
atravessaria para o outro lado do barramento. “A Norte Energia também mostrou
um vídeo de como isso é feito na Polônia, mas todos os barqueiros e índios do
Xingu são unânimes em afirmar que isso não funcionará com o tipo de embarcação
aqui da região. Só funcionaria se nossos barcos fossem de plástico”, explica
Antonia Melo, coordenadora do MXVPS.
Liminar
O início do desvio das águas do Xingu só foi possível graças à derrubada de uma liminar que proibia o Consórcio de Belo Monte a
realizar quaisquer obras no leito ro rio. Em meados do ano passado, a
Associação dos Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (Acepoat)
impetrou uma Ação Civil Publica argumentando que Belo Monte acabará com a pesca
ornamental, tendo recebido uma liminar favorável no final de setembro. Em
dezembro, o mesmo juiz que deu a liminar reviu sua decisão e derrubou a
liminar, acatando o argumento da Norte Energia de que não haveria pesca
ornamental no Xingu. Diante do absurdo do argumento, a Acepoat afirmou que
recorrerá da decisão.
“O governo federal mexe seus
pauzinhos e coloca o judiciário, seus técnicos do Ibama e Funai a seu serviço,
dando licenças e derrubando liminres. Mas isso não altera os atropelos, a
ilegalidade de Belo Monte, o crime que ele está cometendo”, afirmou Antônia
Melo. E pontua: “o governo está levando esta situação para um conflito
iminente”.
Apesar da liberação das
obras, ainda permanecem sem julgamento 11 ações judiciais do Ministério Público
Federal contra Belo Monte. A mais antiga delas, iniciada em 2006, pode chegar
ao Supremo Tribunal Federal este ano.
Kyalonam Valquiria Direitos Indigenas
ResponderExcluirSEREM DEGRADADOS FORMAR-SE EM LAGOS REPRESSADOS QUE FICARÃO PODRES NOSSO ECOSSISTEMA TOTALMENTE DESTRUIDO COM MILHARES DE ESPÉCIES SENDO EXTERMINADAS E MUITAS QUE NUNCA IREMOS CONHECER POIS NÃO IRÃO RESISTIR FORA DO SEU HABITAT NACIONAL, E VOCÊ FEZ ALGUMA COISA PARA QUE ISSO NÃO ACONTECESSE!! OU VOCÊ TAMBÉM ACHA QUE ISSO É NORMAL, QUE OS INDIOS QUEREM FICAR COM AS RESERVAS NATURAIS SO PRA ELES E QUE VOCÊ NÃO TEM NADA HAVER COM ISSO? QUERO VÊ O QUE VÃO DIZER PARA SEUS FILHOS E OS FILHOS DOS SEUS FILHOS, QUANDO NÃO RESTAR MAS PEDRA SOBRE PEDRA , POIS O HOMEM IRÁ DESTRUIR TOTALMENTE A MÃE NATUREZA E DESTRUIR-SE COM SEU PRÓPRIO VENENO "A GANÂNCIA. E OS INDIOS ISOLADOS QUE NEM SABEM O QUE ESTÁ ACONTECENDO INOCENTES SERÃO DIZIMADOS SEM TER DIREITO A DEFESA A LUTA, SEREMOS TAMBEM CUMPLICES A ISTO??
Kyalonam Valquiria Direitos Indigenas Kyalonam Valquiria Direitos Indigenas DEVEMOS ISSO AO PT, A DILMA E A LULA TODOS TRAIDORES DO POVO INDIGENA DO POVO BRASILEIRO!!
Adorei seu blog, muito interessante, tbm tenho um blog que fala sobre a natureza e sobre os animais, segui lá por favor: www.estoufazendoaminhaparte.blogspot.com
ResponderExcluirobg.