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"Para saber se um projeto [hidrelétrico] pode ter seus custos reduzidos, uma boa linha de investigação tem sido verificar se em sua elaboração foram usados os mesmos arranjos propostos nos inventários hidroelétricos. Isto porque estes estudos são menos detalhados e podem existir novas soluções de engenharia, mais baratas do que as que foram simplesmente copiadas do inventário e melhor detalhadas. Isso porque, como se sabe, o foco dos inventários [hidrelétricos] não é reduzir custos, mas permitir a divisão de quedas e o aproveitamento ótimo dos potenciais. Além disso, é comum seus orçamentos terem sido “inflados” para afastar o interesse de terceiros daquele rio e ao mesmo tempo, para tentar aproveitar boas condições do BNDES para reduzir o capital próprio. Ou ainda para aumentar o ganho sobre os investidores que entrassem depois como sócios no negócio." Ivo Pugnaloni[1]
O parágrafo acima chamou
minha atenção no artigo de Ivo Pugnaloni, Concorrência entre eólicas e hidroelétricas abre espaço para térmicas e faz PCHs revisarem seus custos, postado em 25 de janeiro de 2012, na Agência Canal Energia. O
autor faz uma espécie de desabafo sobre aquilo que chamou de
"milagre" nos últimos leilões de energia, em que a fonte eólica foi
um sucesso em detrimento da fonte hídrica, no seu entender.
Pugnaloni discorre, em seu
artigo, sobre a queda de 52% nos preços da energia eólica entre 2004 e 2011 e a
competição que ele chamou de desigual com a energia hidrelétrica, no último
leilão. A energia eólica passou a ter isenção de ICMS e IPI, escreveu ele, fato
que a tornou mais atraente aos olhos dos empreendedores.
O autor ainda diz que "a
água é grátis" e que as eólicas não evitariam um novo apagão iminente sob
a ausência de novas hidrelétricas. Além de condenar os subsídios que fazem
fugir os investidores das usinas, ele ressalta que novos projetos de PCH's e UHEs aguardam
análise da Aneel que sofre com falta de pessoal técnico. Não vou aquir entrar no mérito dessas
questões, pois não é esse o fulcro da minha indignação.
O que mais importa no artigo não é a lenga-lenga de um diretor das áreas técnica e comercial da Enercons, empresa
de consultoria e especializada no desenvolvimento de projetos para a geração,
transmissão, distribuição de energia elétrica, mas aquilo que ele deixa claro
no parágrafo em questão, no início deste texto: que existe uma indústria do
inventário hidrelétrico nos rios brasileiros onde se aplica sobrepreço nos
custos de projetos de aproveitamentos hidrelétricos para "espantar"
competidores, para reduzir e camuflar a necessidade de capital próprio ou
contrapartida, para aproveitar das facilidades de acesso aos recursos e
benefícios do BNDES e ainda obter lucros com as falcatruas na venda de partes
para sócios futuros.
A palavra que Pugnaloni usou para
se referir aos custos foi "inflados", para mim, a palavra certa, nesse
caso, poderia ser "forjados" ou "fraudados" ou ainda um
"embuste".
Neste ponto cabe perguntar
até onde essa fraude toda é do conhecimento das autoridades do setor. Ou se o
Ministério de Minas e Energia, a Aneel e EPE são cúmplices de todo o lixo ético
que permeia o setor elétrico brasileiro, que esse cidadão gentilmente nos deixou
entrever. Ou será que ele não nos
respeita a ponto de achar que não iriamos nos importar?
Essa é mais uma caixa preta a ser aberta no Brasil, que talvez explicasse os custos de Belo Monte, usinas do Madeira, Teles Pires, Tapajós, PCH's na bacia dos rios que formam o Pantanal, na bacia do Aripuanã, Juruena.
[1] As áreas técnica e
comercial são dirigidas por Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni, engenheiro
eletricista, também formado pela Universidade Federal do Paraná.
Ivo
Pugnaloni foi Diretor de Distribuição e de Planejamento da Companhia Paranaense
de Energia, COPEL, da qual também foi assessor do Presidência do Conselho de
Administração daquela empresa e membro do Conselho Estadual de Ciência e
Tecnologia do Paraná.
Em 2002
participou do grupo de Diretrizes de Energia do Primeiro Governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, com Guido Mantega, Dilma Roussef, Ildo Sauer,
Roberto D' Araujo, Luiz Ryelli Rosa e outros especialistas do setor elétrico. Disponível em http://www.enercons.com.br/empresa-diretoria.php
Telma Monteiro, olá !
ResponderExcluirExcelente denúncia!
Somente, cerca de 10% das ocorrências de "mal-feito", aparecem ao público !
Coloco a minha mão sobre o fogo, se não existem Empregados "Fantasmas" nas obras do PAC, contratados para compor o caixa-dois da máfia política que, respectivamente, liberou !
Para constatar a existência de "Laranjas", bastará que o Ministério Público, acompanhe a Fiscalização do Ministério do Trabalho e do Emprego (?), na investigação pertinente!
Nunca imaginei, que a corrupção no Brasil, chegasse ao ponto da banalidade!
Temos que sempre nos interpor contra o "mal-feito" e um disque denúncia, exclusivo para as corrupções, seria ótimo se existisse !
Abraços à todos !
Somel Serip.