Por Natalia Viana, Ana Aranha, Jessica Mota e Carlos Arthur
França
Empresa
irlandesa compra direitos sobre créditos de carbono dos índios Munduruku, no
Pará, em reunião controversa; contrato investigado pelo Ministério Público
valeria por 30 anos. A Funai foi deixada de fora
O vídeo promocional da
empresa Celestial Green Ventures – “verde celestial”, em português – traz
imagens de uma reunião em uma localidade não identificada, na Amazônia. Em meio
a fotos, com fundo musical, o irlandês Ciaran Kelly, CEO, explica: “Nós
sentamos com a comunidade local, há uma discussão muito aberta, dizemos o que
temos que fazer, quais são as suas responsabilidades e as nossas. Se
concordamos, prosseguimos”.
O
português João Borges de Andrade, chefe de operações no Brasil, aparece em
fotos rodeado pela população local. “Eu gosto do contato com essas pessoas,
elas são muito gentis e muito amigáveis. É emocionante”.
A
Celestial Green atua em um novo setor que se fortalece nos recônditos da
Amazônia brasileira: a venda créditos de carbono com base em desmatamento evitado,
focado nas florestas. Por estes créditos, a empresa tem procurado indígenas de
diversas etnias e teria assinado contratos com os Parintintin, do Amazonas, e
Karipuna do Amapá, segundo as suas páginas no twitter e facebook.
No
dia 22 de setembro do ano passado, o mesmo João Borges, da Celestial Green, foi
a uma reunião a respeito de um contrato de crédito de carbono com os índios
Munduruku, na Câmara Municipal de Jacareacanga, no Pará. Assim que ficou
sabendo, a missionária Izeldeti Almeida da Silva, que trabalha há dois anos com
os Munduruku, correu para lá: “Fui pega de surpresa. Depois falei com um dos
líderes e ele disse que fazia tempo que estavam negociando com um grupo pequeno
de lideranças”.
Quando
chegou à sala de reunião, diz a freira, o espaço estava cheio. Estavam todos
lá: caciques, cacicas, mulheres e crianças. Muitos vestidos para guerra:
pintados, com arcos e roupas tradicionais. A reunião foi fotografada pelos dois
lados. “Os guerreiros e as guerreiras estavam muito brabos com o pessoal que
foram falar lá em cima”, lembra o cacique Osmarino. “As guerreiras quase
bateram neles”.
Segundo
Izeldeti, o representante da empresa mal conseguiu falar. “Eles gritavam em voz
forte que estavam cansados de ser enganados. Disseram: ‘nós sabemos cuidar da
floresta, não precisa de ajuda’. As mulheres guerreiras ficaram na fila e cada
uma foi falando em Munduruku. Meteram a flecha perto do coração, passavam no
pescoço. O representante da empresa disse que não entendia a língua, mas que
não tava gostando porque era sinal de ameaça”. O contrato, no entanto, acabou
sendo assinado naquele mesmo dia – tanto a empresa quanto os indígenas
confirmam.
De
acordo com Izeldeti e Osmarino, porém, o contrato foi assinado contra a vontade
da maioria da população Munduruku.
Os donos do carbono
Totalmente
desconhecida no Brasil, a Celestial Green, sediada em Dublin, se declara
proprietária dos direitos aos créditos de carbono de 20 milhões de hectares na
Amazônia brasileira – o que equivale aos territórios da Suíça e da Áustria
somados. Juntos, os 17 projetos da empresa na região teriam potencial para
gerar mais de 6 bilhões de toneladas de créditos de carbono, segundo a própria
empresa.
Os
créditos por desmatamento evitado, ou REDD (Redução de Emissões por
Desmatamento e Degradação florestal), não são “oficiais”, ou seja, não
podem ser vendidos nos mercados regulamentados pelo protocolo de Kyoto. Este
protocolo só aceita, por exemplo, a venda de créditos por uma empresa de um
país pobre que troque sua tecnologia por uma menos poluente; os créditos que
ela deixará de emitir podem ser vendidos.
No
caso das florestas, não há um mecanismo oficial que permita isso.
Por
isso, os créditos de carbono referentes a florestas são negociados em um
mercado voluntário, que não é regulado; empresas como a Landrover, o HSBC,
a Google e a DuPont compram esses créditos para sinalizar que estão fazendo
algo de bom pelo meio ambiente. O mercado é muito menor do que aquele
resultante de projetos previstos por Kyoto: em 2010, o valor negociado foi de
cerca de 400 milhões de dólares contra 140 bilhões de dólares do mercado
“oficial”.
Na
esteira da corrida pelo invisível – créditos de carbono que deixaria de ser
emitido por desmatamento – a irlandesa Celestial Green se adiantou: realizou
diversas negociações rápidas e à margem de qualquer órgão federal. A empresa
promete avaliar o potencial de créditos de carbono depois; mas já garante sua
posse sobre eles, por contrato, e o acesso às terras para avaliação.
Os Munduruku
A
primeira proposta aos Munduruku foi feita em junho do ano passado. Segundo
relatos dos indígenas, a oferta dividiu o grupo. A Celestial Green oferecia 4
milhões de dólares por ano, ao longo de 30 anos, pelos créditos de carbono dos
2,3 milhões de hectares da terra indígena. Em troca, teria todos os direitos
sobre os créditos de carbono e mais “outros certificados e benefícios” a serem
obtidos “com a biodiversidade”.
“Primeiro,
ele [representante da Celestial Green] falou que o projeto é para defender os
povos indígenas. Disse que não podia mais mexer na terra, nem branco nem
indígena. Quando ouvi essa conversa, era bom”, conta Osmarino Manhoari
Munduruku, cacique de uma das 111 aldeias onde vivem mais de 6 mil Munduruku.
“Depois, ele mandou o papel para associação. Nós vimos que, onde esse projeto
tá, não pode fazer roça, nem caçar, nem pescar. Hoje estamos acostumados de
plantar mandioca, batata, cana, batata doce, banana. A gente pesca, caça, tira
madeira quando precisa. Mas eles dizem que não podia mais, eles mesmos iam dar
o dinheiro para comprar os alimentos. E os indígenas não pode mais fazer nada,
nada, nada. Aí a maioria achou que não é certo”.
A
Pública teve acesso a uma proposta inicial enviada por lideranças
indígenas ao CIMI, Conselho Indigenista Missionário, depois das primeiras
gestões da empresa. O documento revela claramente as linhas gerais buscadas
pela empresa no acordo.
“Este
contrato concede à empresa o direito de realizar todas as análises e estudos
técnicos, incluindo acesso sem restrições a toda a área, aos seus agentes e
representantes”, diz o documento. Se as áreas negociadas não se adequassem à
captação de carbono, o contrato seria invalidado. De qualquer maneira, a
empresa teria assegurado o direito de fazer um levantamento detalhado de toda a
área dos Munduruku.
O
contrato vetava qualquer modificação no ambiente: “O proprietário compromete-se
a não efetuar quaisquer obras na área do contrato, ou outra atividade que venha
a alterar a qualidade de carbono captado ou que contribua de alguma forma para
afetar negativamente a imagem da empresa ou do projeto”.
Além
disso, os Munduruku deixariam de receber o pagamento caso não submetessem suas
atividades ao crivo da Celestial Green: “O proprietário compromete-se a manter
a propriedade em conformidade com as metodologias estabelecidas pela empresa”.
O valor, contido num anexo, chama a atenção: 4 milhões de dólares
por ano, chegando a um valor total de 120 milhões de dólares.
Segundo
especialistas consultados pela reportagem, dificilmente um contrato assim teria
validade legal. Primeiro, porque parte de princípios jurídicos errados. O texto
analisado se refere aos Mundurukus como “proprietários”, quando as terras
indígenas pertencem à União. Depois, porque viola princípios de exclusividade
de uso dada aos indígenas em terra homologada. “É totalmente ilegal. A empresa
se coloca como dona dos recursos naturais e se atribui o direito de entrar
quando bem entender para fiscalizar. Em algumas cláusulas, ela quer fazer o
papel do Estado”, afirma João Camerini, advogado da ONG Terra de Direitos.
Para
o antropólogo Miguel Aparicio, coordenador do Programa Operação Amazônia
Nativa, o caso dos Munduruku deve servir de alerta para o governo. “É
uma manifestação aberta da postura dos ‘biopiratas do carbono’. As
cláusulas ignoram o direito indígena de usufruto exclusivo sobre suas terras,
reconhecido pela Constituição Federal. O contrato proposto merece a intervenção
urgente do poder público brasileiro”.
Como
o mercado de crédito de carbono é novo, o governo brasileiro ainda não criou
parâmetros para regular essas negociações. Mas, dada a urgência da questão,
15 entidades e movimentos ligados às populações indígenas elaboraram
uma carta de Princípios
e Critérios Socioambientais de REDD. Alguns desses princípios são a
participação de toda a população afetada no processo de decisão e a
transparência sobre os detalhes do contrato e do mercado em que estão entrando.
O
caso dos Munduruku foi denunciado em setembro no ano passado no blog da ativista ambiental Telma Monteiro. O procurador Cláudio
Henrique Dias, do Ministério Público Federal de Santarém, abriu um procedimento
administrativo para investigar o caso. Ele pediu a cópia do contrato à
Associação Pussuru, que representa os Munduruku, e acionou a Funai.
A
FUNAI não quis se pronunciar nessa reportagem mas prometeu uma entrevista com o
presidente Márcio Meira para a semana que vem.
Corretores de
carbono, xeretas, piratas?
Antônio
José do Nascimento Fernandes, mestre em Química pela Universidade Federal do
Amazonas e conselheiro-secretário do Instituto Amazônia Livre, pensa diferente.
O Instituto mantém um projeto com a Celestial Green de “monitoramento e
levantamento dos dados das florestas, das comunidades, do que pode ser
desmatado daqui a 20, 30 anos”.
Para
ele, que trabalha com a empresa há cerca de um ano, o contrato assinado com os
Munduruku não limita o uso da terra pelos índios: “A única coisa que fala no
contrato é que eles [os índios] devem preservar os recursos e que todo uso deve
ser informado”. E como isso será informado? Segundo Antônio, o plano é elaborar
um conselho formado “pelas instituições financeiras, pelos representantes
indígenas e pela Instituição Amazônia Livre”, para deliberar sobre isso.
“Não é de cima para baixo. É um projeto de igual pra igual. É uma troca mútua,
porque eles consomem, mas sabem que [os recursos] podem acabar”.
A
Celestial Green não é exatamente uma empresa transparente. O site da empresa,
que está em construção há alguns meses, não traz mais do que uma descrição
genérica, embora declare que há três anos a empresa vem negociando com
prefeituras, proprietários de terra e tribos indígenas da Amazônia.
Os
objetivos declarados dos projetos da Celestial, comandada pelo irlandês Ciaran
Kelly, são: “alcançar lucratividade para todos os investidores”, “proteger
áreas da floresta em risco dos efeitos devastadores da extração ilegal de
madeira, mineração ilegal e queimadas”, “proteger a biodiversidade presente
nessas áreas e conduzir atividades importantes de coleta de dados”, além de
“fornecer empregos, educação e cuidado médico básico para os habitantes das
áreas dos projetos”.
Segundo
o site, os projetos estão em negociação com investidores no Panama, Ásia,
Vietnã, Malásia, Coreia do Sul e China.
A
parte que promete ao visitante “descubra mais sobre nossos projetos” está em
construção. Não há mais detalhes.
Em
27 de junho de 2011, a empresa anunciou vagamente ter “aumentado a sua
base de contratos na Amazônia brasileira”. “A Celestial Green Ventures PLC
aumentou o tamanho de sua base de terras contratadas em 1.203.226 de hectares
(um aumento de 6,5%) com a assinatura de 5 novos contratos garantindo à empresa
a produção de qualquer tipo de carbono nestas terras pelos próximos 30 anos”.
Segundo o release, a empresa se listou na bolsa Deutsche Boerse, em Frankfurt,
com a missão de dobrar a área contratada para 40 milhões de hectares (duas
Suíças, duas Áustrias).
Mais
recentemente, em fevereiro deste ano, a companhia anunciou pelo seu twitter
novos contratos com as prefeituras de São Gabriel da Cachoeira, Boca do Acre e
Apuí, no Amazonas, totalizando 11 milhões de hectares cujo carbono também
ficará à sua disposição.
O projeto “Borba”
A empresa
tem um caso que é apresentado como bem-sucedido: o chamado “projeto Borba”. O
projeto, acordado com o prefeito de Borba, município de 20 mil habitantes no
sul do Amazonas em 2010, não teve até hoje os créditos validados – uma empresa
escocesa, a Ecometrica, está ainda desenvolvendo uma metodologia para medir e
validar os créditos gerados, ou o tanto de carbono que não será jogado no ar
pela proteção das áreas. “Um comunicado oficial será emitido na hora certa”,
limita-se a dizer a empresa.
Segundo
um release que foi apagado do site, o projeto Borba consistiu na assinatura de
um contrato com a prefeitura do município, intermediado pela ONG FEAMA –
Fundação Ecológica de Amazônia – ONG capitaneada pelo brasileiro Romeu Cordeiro
da Silva. A FEAMA não tem site na internet, nem telefone de contato.
O
acordo dava direitos a créditos de uma área de 1.333.578 hectares, cerca
de 1/3 do município.
Procurados
pela Pública, nem o secretário de administração da prefeitura, Ricardo José
Sá de Souza, nem o secretário de Meio Ambiente sabiam do acordo. Finalmente a
Pública conseguiu converser com o prefeito Antonio José Muniz Cavalcante,
que não explicou por que seus secretários não foram informados do caso. “A
Celestial Green apareceu, falou com a associação de municípios. Como temos uma
reserva municipal, fizemos um contrato que dá direito de eles negociarem o
carbono nesta área. Vieram no município, fizeram um projeto e coletaram
bastante material. Mas não tivemos benefícios. Esse contrato já está até
quebrado, porque o prazo deve estar vencido. E como não tivemos retorno, pelo
menos no que propuseram a nos pagar, nada foi desembolsado”.
A
pesar
dos créditos de Borba não terem sido validados – e, aparentemente à revelia da
prefeitura – a Industry RE, companhia britânica de investimentos anunciou em 7
de junho de 2001 a compra de 1 milhão desses créditos para serem revendidos a
outras empresas. O valor não foi informado.
A
Industry RE fornece créditos de carbono para o grupo Guardian Media Group, que
detém o jornal britânico Guardian. Além disso, mantém o simpático site My Tree Frog, no qual cada
pessoa pode comprar créditos de carbono de onde quiser, “anulando” assim as
suas próprias pegadas ecológicas.
Segundo
o diretor Ian Hamilton afirmou no início de março ao site
econômico Point Carbon News, os créditos de Borba seriam usados para
aliviar as emissões de uma subsidiária da Coca-cola no Oriente Médio e uma
unidade da gigante eltrônica japonesa Canon.
Uma brochura da IndustryRE que tenta vender esses
créditos de Borba afirma que a Celestial Green tem acesso a uma área
de 18.192.193 de hectares por 30 anos, incluindo acordo com diversas
prefeituras no estado do Amazonas. Os maiores terrenos estão no estado do
Amazonas: 2.954.902 hectares em Barcelos, 1.066.862 hectares em Caruari;
1.761.189 hectares em Manicoré, e 1.440.585 hectares em Canutama – além de
Borba, claro.
Segundo
o documento, os projetos da Industry RE não focam apenas os créditos de
carbono, mas pretendem “expandir os parâmetros” para incluir o desenvolvimento
de energia e água limpa, reflorestamento, manejo sustentável de florestas e
conservação.
Além
disso, a Celestial Green possui 10 mil hectares em Rondônia, terra adquirida do
Capital First Merchant Bank Ltda. Mas isso é outra história.
De
vinis e ouro à sonhada preservação do meio ambiente
O
“projeto Rondônia” é o mais antigo da Celestial Green Ventures, aliás Celestial
Green Investments (CGI), uma empresa de investimentos sediada em Kent que tem
como CEO o mesmo irlandês Ciaran Kelly.
O
projeto baseia-se em uma área de 10 mil hectares em Rondônia e foi
detalhadamente descrito em um documento – registrado junto a US Security and
Exchange Comission – de compra de ações da CGI pela empresa de investimento
Apollo Capital, com sede em Miami – da qual Ciaran Kelly era um dos diretores.
Antes de investir em negócios sustentáveis, a Apollo Capital chegou a prensar
vinis e copiar CDs e DVDs e registra investimentos milionários em bonds do
banco central da Venezuela, da Petrobras e também em
exploração de quartzo na Bahia.
Essa
área em Rondônia, localizada no município de Machadinho d’Oeste, é
adjacente à terra indígena dos Cinta Larga e foi comprada pela Apollo Capital
(site) da empresa brasileira Capital First Merchant Bank Ltda junto com a
concessão para exploração de ouro e diamantes, fato celebrado em seu site.
Meses
depois, Apollo e Celestial Green mudaram idéia: decidiram não fazer a mineração
da área e vender os créditos por não ter explorado o local. “A Celestial
Green acredita que o desenvolvimento de operações de mineração teriam um
impacto ecológico catastrófico”, diz o documento de registro. O
projeto Rondônia está disponível para os usuários do site Tree Frog. Quem
quiser aliviar sua pegada ecológica, é só clicar.
“Our people”
Nem
mesmo a equipe que compõe a empresa consta do site da Celestial Green. Quando a
Pública começou a investigar a CG, a empresa listava 29 pessoas como sua
equipe, incluindo diversos brasileiros. Dois dias depois, a lista sumiu.
A
Pública tentou entrar em contato com alguns desses supostos funcionários. Na
tarde de quinta-feira, conversou com o professor Eder Zanetti, doutorando em
manejo florestal pela UFPR, um consultor experiente em projetos de crédito
de carbono, Eder foi responsável pela área de mudanças climáticas globais e
serviços ambientais das florestas no Centro Nacional de Pesquisas Florestais da
Embrapa.
Ao
celular, perguntado sobre suas relações com a empresa irlandesa, ele se mostrou
surpreso: “Não tenho conhecimento, não. Nunca vi nem falar esse nome [Celestial
Green]”. Segundo ele, a sua consultoria foi procurada por “diversas empresas
internacionais querendo fazer negócio com terra indígena aqui no Brasil”. A
procura, nos últimos dois anos, tem aumentado. “Mas não estou fazendo
consultoria para nenhum projeto no momento”.
Mais
tarde, por email, Zanetti confirmou: “De fato não consegui entender a natureza
do meu envolvimento com a referida empresa. Eu não saberia dizer nem se ela é
séria ou não, porque não consegui navegar no site para ver quem são os
proprietários. Definitivamente não sou funcionário deles”.
Outro
brasileiro listado no site explicou que atua como consultor em um projeto da CG.
Vivaldo Campbell de Araújo foi delegado do IBDF – atual Ibama – de 1971 a 1978.
Ele conta que não sabia que seu nome estava no site, mas havia pedido reserva.
Não queria ser listado como membro da empresa. “Porque você sabe, tem muita
especulação”. Segundo ele, faz cerca de oito meses que ele é consultor de um
projeto de manejo sustentável que pretende “mostrar as alternativas de manter o
carbono, mas alterar as florestas pelas espécies mais valiosas”.
Contrato questionado
Por
telefone, Paula Cofré, brasileira nascida no Chile, explicou que o CEO Ciaran
Kelly não dá entrevistas pelo telefone – apenas por email. Formada em
jornalismo pela PUC do Paraná, Paula trabalha há cerca de 6 meses na empresa.
Foi contratada inicialmente como secretária e hoje é “administradora sênior e
assistente pessoal do CEO”. Segundo ela, o representante português João Borges
não costuma dar entrevistas.
Paula
confirmou a assinatura do contrato entre a Celestial Green e os Mundukuru e
disse que a empresa não conta com um escritório no Brasil. “Temos pessoas
trabalhando em Manaus, mas ainda não abriram (um escritório)”. A Pública
enviou a minuta de contrato obtida pelo CIMI, pedindo que a empresa confirmasse
se havia alguma diferença quanto ao contrato assinado. “Eu sei que eles não
costumam dar detalhes sobre os contratos, tipo valor, essas coisas”, explicou
Paula.
Finalmente
o CEO respondeu – sem responder: “Podemos afirmar categoricamente que os
contratos da CGV PLC têm sempre o cabeçalho com os detalhes da empresa, são
assinados em cada página por um representante da empresa, são autenticados e
também contêm um carimbo da companhia”. Pouco depois, o funcionário Antônio
José do Nascimento Fernandes ligou para a Pública e leu o anexo 1 do contrato,
confirmando que se trata do mesmo texto – inclusive reafirmando os valores
acordados.
Na
sua entrevista em papel timbrado, Ciaran afirmou que “a Celestial Green
Ventures não pode divulgar nenhum acordo financeiro que tenha sido feito com
nossos parceiros”. Mas prometeu: “no final de julho de 2012, nosso primeiro ano
completo de finanças será apresentado”. A Pública vai esperar pra ver.
Fonte:
Apublica.org
Antônio José do Nascimento Fernandes
ResponderExcluirEssa reportagem é uma importante fonte informação para que as instituições de nossa sociedade discutam as possibilidades e mecanismos financeiros que podem surgir a partir dos serviços ambientais.
Só gostaria de esclarecer que não sou funcionário da Celestial Green e que não tenho nenhuma relação com o contrato da mesma com qualquer povo tradicional do estado do Pará. Minha única participação é na pesquisa de possibilidades metodológicas para a aplicação deste mecanismo em nossas comunidades do estado do Amazonas.
Waldemar de Lima - Presidente do Instituto Amazônia Livre.
ResponderExcluirPra contribuir com essa reportagem, no que se refere ao projeto de Borba só temos aqui pesquisas para as possibilidades na elaboração de um projeto executivo. Além disso, nestes trabalhos em que estamos desenvolvendo não existe a participação da instituição FEAMA.
Para complementar, em relação ao site do projeto de Borba e sua difusão, pretende-se disponibilizar um ambiente no FaceBook, no Twitter, WebSite próprio e divulgação diretamente com comunidades das áreas do projeto. Para isso, necessita-se anteriormente das definições de metodologias, que serão finalizadas em breve.
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