Publicado em 23/04/2012 por RogelioCasado
Em toda a Amazônia estão
previstas a criação de 150 hidrelétricas, das quais 60 delas na Amazônia
brasileira. A hidrelétrica de Balbina, concebida e construída na ditadura
militar (1964-1985) no rio Uatumã (Amazonas), passou a funcionar a partir de
1989. Um bilhão de dólares do dinheiro do contribuinte foi usado para destruir
240 mil hectares de floresta, afogar animais silvestres, alagar terras
indígenas e provocar fome e doença entre os ribeirinhos da região. Em troca
dessa catástrofe, apenas insignificantes 80 megawatts firmes para Manaus.
Passados todos estes anos, o modelo energético brasileiro não sofreu nenhuma
revisão em todos os governos após a redemocratização do Brasil. O físico José
Goldemberg, em depoimento, recomendou que Balbina fosse desativada e mantida
como um monumento à insanidade humana. O missionário Egydio Schwade denunciou o
desaparecimento de várias aldeias indígenas com a construção da barragem. Só a
cegueira ideológica não enxerga os impactos socioambientais irreversiveis
provocados pelo desenvolvimentismo nacional, em sua nova etapa. Tampouco se
aprende com a experiência do passado. Em 1989, o autor desse vídeo, durante um
comício em Manaus, entregou uma cópia para o operário que assumiria em 2003 a
presidência da república, numa das maiores mobilizações de esperança do povo
brasileiro. Mais tarde, o presidente da república faria uma surpreendente
declaração ao qualificar os quilombos e os indígenas como um entrave para o
desenvolvimento da Amazônia. A antropóloga Manuela Carneiro da Cunha manifestou
sua perplexidade nas páginas da Revista de História da Biblioteca Nacional. Não
apenas os compromissos assumidos com a causa indígena estavam sendo rasgados.
Esvaia-se, também, a esperança dos povos da floresta. Silenciar sobre a desastrada
política energética brasileira é um crime de lesa-humanidade. A presente edição
é dedicada à memória do bispo D. Jorge Marskell, de quando a Igreja Católica
estava comprometida com a Teologia da Libertação. Salve Jorge!
PICICA: Finalmente resgatei um vídeo que realizei em 1989, há muito prometido para os meus leitores nesse momento grave da história da Amazônia. Meus agradecimentos aos professores Paulo Monte e Ednéia Mascarenhas (ex-dirigente do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), da Universidade Federal do Amazonas. Ambos, em tempos diferentes, fizeram a conversão de VHS para DVD. Em debate promovido pela IV Mostra de Vídeo Etnográfico (Ufam), sob a coordenação da professora Selda Vale, criei a categoria "vídeo de urgência" para o registro inadiável das acões de governo sustentadas por forte aparato publicitário, de modo a estabelecer o contraditório... doa a quem doer. Dediquei o vídeo a tanta gente inesquecível para este cineasta amador, que vou fazê-lo mais uma vez. Desta vez para a querida companheira Elisa Wandelli e o movimento socioambiental "SOS Encontro das Águas", que nasceu da luta contra um terminal portuário por uma subsidiária da Vale durante um encontro de várias entidades numa reunião ocorrida na Pro-Reitoria de Extensão da Universidade do Estado do Amazonas, quando respondia pelo cargo. A luta continua. (Rogelio Casado)
Postado por PICICA às Terça-feira, Abril 24, 2012
Eletronorte, não use o nome de Curupira em vão. Sofrerás o mesmo " tratamento" em troca da catastrofe que causou!
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