ESCRITO POR TELMA MONTEIRO para o Correio da Cidadania
SEXTA, 28 DE SETEMBRO DE 2012
Mineração
na região das usinas do Tapajós e Jamanxim
Os projetos de implantação de
hidrelétricas nas bacias do rio Tapajós, Teles Pires e Juruena por si só estão
induzindo a ocupação de áreas protegidas da Amazônia. Com eles chegaram também
as empresas mineradoras transnacionais e o novo ciclo de exploração do ouro.
Mais impactos atingirão os territórios indígenas e as unidades de conservação.
O ouro aliado aos projetos
hidrelétricos na região dos rios Tapajós e Jamanxim, que, coincidentemente,
estão sobre a maior província mineral do mundo, vai pavimentar definitivamente
a ocupação predatória da região.
Não é, pois, de se estranhar
a corrida do ouro que se iniciou na região da chamada Província Mineral do
Tapajós. Perto de Itaituba, cerca de 180 quilômetros, está um distrito aurífero
famoso chamado Cuiú Cuiú, próximo ao rio Crepori, e que só pode ser acessado
por avião de pequeno porte ou por barco.
A mineração em Cuiú Cuiú
começou em 1972 e foi até 1992, quando ocorreu uma grande corrida do ouro.
Estima-se que nessa época mais de 10 mil pessoas buscavam ouro na região. Cuiú
Cuiú, então, ficou famosa e atraiu os olhares de grandes empresas de mineração.
A partir de 2004, a canadense Magellan Minerals começou a adquirir os direitos
de exploração mineral concedidos pelo Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM). Em 2005, celebrou um acordo com os proprietários tradicionais das áreas
que viviam e exploravam Cuiú Cuiú.
A Magellan Minerals Ltd. tem
endereço em Itaituba (PA) e Cuiabá (MT) como Chapleau Exploração Mineral Ltda.
No seu sítio eletrônico constam ainda três subsidiárias: a Chapleau Resources
Ltd. no Canadá, a Magellan Minerais Prospecção Geológica Ltda., no Brasil, e a
Chapleau Exploração Mineral Ltda. A empresa canadense detém hoje 47 mil
hectares de terras para exploração de ouro em Cuiú Cuiú.
A Chapleau Exploração Mineral
Ltda. tem, ainda, outros quatro processos de direitos minerários de ouro, de
2007 e 2009, nas margens do futuro reservatório da hidrelétrica Teles Pires,
que abrangem uma área de 34.449 quilômetros quadrados. Coincidência?
Outro projeto da Magellan na
mesma região é Coringa, anunciado em março deste ano em Vancouver, com previsão
de extração de 561 mil onças de ouro em cinco áreas. Os investimentos previstos
para Coringa podem chegar a 37 milhões de dólares.
Explorar Cuiú Cuiú é apenas a
ponta do iceberg e vai abrir o caminho para um filão de centenas de bilhões de
dólares: um cinturão de granitos e rochas vulcânicas que começa no distrito de
Alta Floresta do norte do Mato Grosso, passa pela região do Tapajós no oeste do
Pará, continua para o norte em Rondônia, e termina no sul da Venezuela-Guiana.
Juntos, esses "complexos
geológicos" auríferos ocupam em linha contínua cerca de 1.200 quilômetros.
Uma incrível riqueza logo ali, na região onde se planeja a construção das
hidrelétricas no rio Tapajós, Jamanxim, Teles Pires e Juruena. Coincidência ou
não, os projetos hidrelétricos na Amazônia parecem atrelados aos grandes
projetos de mineração de ouro.
Projetos hidrelétricos e linhas de transmissão no estado do Pará |
Cuiú Cuiú está localizada
entre os rios Crepori e o Jamanxim, bem na APA do Tapajós, onde também está o
projeto Tocantinzinho numa área de 140 km² (30 quilômetros a sudeste de Cuiú
Cuiú), da Eldorado Gold Corporation, com sede em Vancouver, no Canadá. Do
Tocantinzinho, a Eldorado pretende extrair perto de 160 mil onças de ouro de
2.541 mil toneladas de rocha removida.
A Eldorado confirma em sua
página na Internet que esperava receber a aprovação do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) ainda no terceiro trimestre de 2012 e concluir o estudo de
viabilidade, para começar a implantação do projeto, ainda neste ano também.
Desde 2010 o projeto está tramitando na Secretaria de Meio Ambiente do Pará.
A principal concorrente da
Magellan e Eldorado nessa mesma região do Tapajós é a já conhecida Belo SunMining Corp., que se instalou na Volta Grande do Xingu, aproveitando a
construção de Belo Monte. Patrocínio é o nome do projeto da Belo Sun no Tapajós
e tem uma área com 18.669 hectares.
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Telma Monteiro é colunista do Correio da Cidadania
Cara Telma, poderia abordar a exstência de dezenas de balsas de mineração neste momento no Jamaxim e Tapajós e sua atuação mesmo antes dos projetos hidrelétricos ? Qual o envolvimento dos indígenas na exploração ilegal ? Será que é posição contrária das lideranças indígenas às hidrelétricas não é pelo fato da possível descoberta de sua atuação ilegal no garimpo ?
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