domingo, 31 de março de 2013

Operação Tapajós e os Munduruku


Guerreiros Munduruku - Foto: Telma Monteiro

Reunião das lideranças do Povo Indígena Munduruku na Aldeia Sawre Maybu

Data: 29/03/2013

Participantes: Aproximadamente 70 pessoas entre lideranças indígenas Munduruku do Alto e Médio Tapajós, representantes da FUNAI e do CIMI

Uma comissão de aproximadamente 40 lideranças indígenas Munduruku do Alto e do Médio Tapajós foram à aldeia Sawré Maybu localizada no Médio Tapajós, em Itaituba, para prestar apoio e consolidar a aliança de todo o povo Munduruku localizado ao longo do rio e da bacia do Tapajós . A FUNAI/Itaituba e o CIMI foram convidados. 1 pessoa da fundação e 2 missionárias do conselho  acompanharam a reunião.

Os Munduruku resolveram se unir frente às ameaças do governo brasileiro de ataque da Polícia Federal, Rodoviária Federal e das Forças Armadas destacadas à região para a Operação Tapajós.De acordo com nota da AGU, a operação destinada à região de Itaituba a partir  da semana do feriado de páscoa, pretendeu garantir a realização de estudos nas terras Munduruku para viabilizar a implantação de barragens no rio Tapajós.

Nenhum pesquisador ou estudioso foi encontrado na região de Itaituba, na transamazônica, nas terras indígenas e no rio Tapajós, mas apenas a Polícia Federal. Por isso, os Munduruku estão convencidos de que a finalidade da operação era reprimir, coagir e em caso de reação atacar o povo indígena.

Intimidação e ameaça Policial na região

O acesso à aldeia Sawre Maybu é feito através da transamazônica (quilômetro 70), e posteriormente o percurso é feito através de ramal que vai até o rio Tapajós, com saída por um porto denominado Buburé.

A polícia federal, a polícia rodoviária federal, a força nacional e exército estão circulando desde Itaituba até essa região desde 27/03/2013 através do ar, estrada e do rio. Há policiais espalhados nos principais pontos deste percurso: perímetro urbano de Itaituba e terras indígenas, transamazônica, quilômetro 70 da transamazônica, ramal de acesso ao porto Buburé e área portuária . Os policiais estão fortemente armados, equipados e se transportando através de helicópteros, voadeiras, pick ups e carros 4X4. Desde o dia 27/03/2013  Os Munduruku e outras pessoas convidadas para ir à terra Sawre passaram por constrangimento, revista e intimidação das forças armadas no trajeto de ida, durante a reunião, na saída e no caminho à Itaituba. Houve entrada nos ônibus dos indígenas na transamazônica, interrogatório, registro de fotos, tentativa de forçar escolta, sobrevôo nas terras indígenas da região, passagem de várias voadeiras pelo rio em frente à aldeias, principalmente da Sawre Maybu.

Os Munduruku sentiram-se humilhados sem motivo e tratados como bandidos pelos agentes do governo.

Recado dos Munduruku à Presidência da República

Diante do descumprimento da palavra  da Secretaria Geral da presidência da República e o governo com os Munduruku sobre esperar reunião dos caciques no dia 10/04 para se manifestarem sobre como querem o processo de consulta prévia relativo à barragem de São Luis do Tapajós, os indígenas estão se sentindo traídos. Além disso, a não comunicação aos indígenas e nem mesmo à Coordenação Regional da Funai de Itaituba sobre a Operação Tapajós e as humilhações e intimidações das forças armadas no território Munduruku, pioraram esse sentimento entre as lideranças de toda a bacia. Por isso, os Munduruku fizeram um documento para anexar ao processo sobre a barragem na justiça federal e entregar ao governo, às autoridades competentes e à sociedade denunciando o que está acontecendo na região, comunicando a sociedade e exigindo providências, principalmente a saída imediata das forças armadas de suas terras.

Em conversa no fim da manhã do dia 30/03/2013 com Tiago Garcia, representante da SGRepública que vem interagindo e assumindo compromissos do governo com parte das lideranças Munduruku para tentar negociar a usina de São Luis do Tapajós, os Munduruku expressaram o sentimento de descrédito após as humilhações e desrespeito do governo e mandaram um recado:

 “Se o governo quiser diálogo com Munduruku tem que parar a Operação Tapajós e mandar tirar as forças armadas de nossas terras. Nós não somos bandidos, estamos nos sentindo traídos, humilhados e desrespeitados com tudo isso. O governo não precisa da polícia e da força nacional para dialogar com o povo Munduruku. Nós queremos diálogo, mas só falaremos com o governo depois que todos os caciques do alto, médio e baixo conversarem e tomarem sua decisão. É nosso último aviso. Se a Operação não parar, não vai ter mais diálogo com os Munduruku, vamos acionar os caciques e vai ter guerra."

Além disso, lideranças Munduruku deram entrevista à imprensa local (SBT)

Um comentário:

  1. AUMENTA PARTICIPAÇÃO E TÉRMICAS NA MATRIZ
    Economia no uso-final da energia
    As chuvas terminaram e os reservatórios atingem 2/3 da capacidade máxima. Não encheram, mas vão encher nos próximos anos com a utilização de térmicas na base. A inserção mais frequente de térmicas colocadas na base obriga hidroelétricas – agora em menor proporção – para a ponta, as quais produzem cada vez menos energia (mais potência em período curto). Assim, os reservatórios permanecem como uma reserva estratégica para ocasiões de extrema urgência.
    A participação de térmicas – que já é de 1/3 – em breve chegará a ½ a 1/2, com as térmicas na base e as hidroelétricas cada vez mais afastadas para a ponta.
    Hidroelétricas em menor proporção geram cada vez menos energia e, consequentemente, menor dependência dos reservatórios para manter a pequena vazão para firmar as hidroelétricas. O SIN se torna mais seguro com a garantia efetiva das térmicas, porem mais cara a energia pelo elevado custo das térmicas. Este é o preço que temos de pagar por termos um sistema ainda fortemente hidroelétrico.


    "As hidrelétricas sozinhas já não dão conta de atender a demanda do país. Já usamos termelétricas para complementar a oferta, mas o que precisamos agora é buscar térmicas com custo de combustível barato para fazer com que gerem durante todo o tempo, como fazem as hidrelétricas" (Altino Ventura).
    Diríamos que não só combustíveis mais baratos mas processos mais eficientes na produção e consumo de energia.
    Ou, como gastar menos com as térmicas rodando muito?
    Resposta: gastando de maneira mais eficiente no uso-final da energia.
    Como gastar menos com as térmicas rodando muito?
    Resposta: gastando de maneira mais eficiente no uso-final da energia. Ou, em outras palavras: produzir simultaneamente os dois tipos de energia: calor e trabalho.

    Os dois tipos de energia estão presentes em um mesmo processo de transformação. São inseparáveis: não se pode aperfeiçoar um negligenciando o outro.
    Exemplificando:
    – Se vamos instalar uma térmica à gás ela deve estar junto de outra convencional a vapor para reduzir o consumo de combustível fóssil, sem que precise ser desativada.
    – O próximo leilão de energia deverá incluir pelo menos três novas térmicas movidas a carvão. O mais correto é sejam usinas combinadas com térmicas a gás. Ambas produzindo energia com rendimento próximo de 60%, economizando o combustível da térmica convencional.

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