quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A Amazônia e a Reserva Nacional de Cobre e Associados (RENCA)


O monstro ressuscitado

Por Telma Monteiro

Depois de pesquisar por semanas a história, desde antes da criação da Reserva de Cobre e Associados (RENCA), entendi mais a fundo quem se beneficiaria com a sua extinção. Aproveitei, também, para fazer edições e sobreposições em mapas e emimagens do Google. Tento dar uma noção de proporção das Unidades de Conservaçãoe das Terras Indígenas em relação à reserva.  Para ver todas as imagens clique AQUI

RENCA - Localização 
Abaixo elenco os principais momentos dessa história e concluo que o maior beneficiário desse Decreto do governo Temer é a Vale. As sobras serão negociadas com mineradoras canadenses que já estão na região do Jamanxim e no Xingu. Quem perde é a Amazônia e todos os brasileiros.

Processos minerários na RENCA
1 - 1960 - foi criado o Ministério das Minas e Energia e o DNPM foi incorporado à estrutura do novo Ministério, no governo de Juscelino Kubitschek.

2 - 1969 - o Decreto-Lei Nº 764, de 15 de agosto, autorizou a constituição da Companhia de Pesquisa de Reserva Mineral (CPRM). Sociedade de Economia Mista (Estado e empresas privadas) vinculada ao Ministério de Minas e Energia, como a Petrobras e a Eletrobras. Costa e Silva era Presidente do Brasil.

3 - 1970 - União e a Comissão do Plano do Carvão Nacional (CPCAN) detinham 51% da CPRM (60 milhões de ações de NCr$1,00 cada uma). A CPRM só teve seu primeiro estatuto aprovado em 13 de janeiro de 1970, pelo Decreto Nº 66.058, e pode iniciar suas atividades em 30 de janeiro de 1970. Emílio Garrastazu Médici era o 3º Presidente do Brasil do período da Ditadura Militar. Anos de chumbo.

4 - 1970 - a CPRM em convênio com o DNPM fizeram o Projeto Mapeamento Geológico Sistemático do Brasil; levantamentos Aerogeofísicos (convênio Brasil-Alemanha) e descobertas de jazidas de Fosfato, Caulim.

5 - 1971 - Criação da empresa Docegeo para promover a diversificação da Vale do Rio Doce. A Docegeo passou a ser da Vale. Eliezer Batista, pai de Eike Batista, era o presidente da Vale.
6 - 1970 a 1980 - Surgem os interesses pelas regiões de Jari - Paru e Maicuru e geólogos da Docegeo/Vale, da Indústria e Comércio de Minérios S.A. (ICOMI), da CPRM e do DNPM começam a estudá-las. Carajás já estava sendo explorada pela Vale.

7 - 1983 - British Petroleum (BP) passa a fazer requerimentos de mineração na região da RENCA. Coincide com o início do investimento de Daniel Ludwig no Projeto Jarí. Ludwig tinha ações da BP e surge a fantasia de que os requerimentos da BP seriam parte de um plano para Ludwig dominar a região. O Grupo Executivo do Baixo Amazonas (GEBAM), com assento no Conselho de Segurança Nacional, veta a concessão dos alvarás da BP.

8 - 1984 - Eliezer Batista autoriza a Docegeo a requerer a área imediatamente depois que os pedidos da BP fossem indeferidos. Naquele ano as áreas foram requeridas pela Docegeo, portanto os direitos de mineração passaram a ser da Vale do Rio Doce.

9 - 1984 - BP recorreu ao, então, ministro Delfim Neto e ameaçou entrar com uma ação contra o governo brasileiro (por discriminação do capital estrangeiro) se os alvarás da Vale fossem aprovados.

10 - 1984 - Vale não desiste da dos direitos de mineração na área. O Almirante Gama e Silva, chefe do GEBAM (Grupo Executivo do Baixo Amazonas), então, pediu a criação da RENCA, por decreto, em fevereiro de 1984. João Figueiredo era o Presidente do Brasil (1979/1985).

11 - 1994 - Pela Lei Nº 8970, de 28 de dezembro de 1994, a CPRM é transformada em empresa pública

12 - 2017 - Pela Portaria No- 128, DE 30 DE MARÇO DE 2017, do Ministério de Minas e Energia, Art. primeiro, os títulos minerários (autorizações de pesquisa, concessões de lavra, permissões de lavra garimpeira e registros de licença) regularmente outorgadas, antes da criação da RENCA, em áreas na Reserva Nacional de Cobre e Associados (RENCA), permanecem em vigor, sujeitos ao Código de Mineração.

13 - Esses títulos minerários antes da criação da RENCA são, na maioria, da Vale.

14 - Os pedidos anteriores a 1984, que não tinham sido outorgados, estão pendentes e serão objeto de análise.

15 - Os pedidos feitos depois da criação da RENCA estão indeferidos.

Obs.: Usei como fonte principal os depoimentos de Wilson Scarpelli e Breno A dos Santos, PRODUÇÃO CURA FILMES, CRIAÇÃO DA RESERVA NACIONAL DO COBRE - RENCA (1984) - Breno Augusto dos Santos

domingo, 20 de agosto de 2017

A Previdência banca ¼ da dívida pública federal


Por Telma Monteiro

Resolvi pesquisar o porquê de o Brasil estar nessa encalacrada econômica. Então procurei me ater a três expressões – superávit primário, dívida pública e juros da dívida pública - que costumo ouvir de analistas, jornalistas econômicos e quase todo dia na TV, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. 
Superávit primário: é todo o dinheiro arrecadado menos as despesas financeiras, ou juros.
Dívida pública federal (DPF): é a dívida do governo federal. Quando se gasta mais do que arrecada. Quando a dívida é em Reais chama-se dívida interna, quando tem que pagar em moeda estrangeira é chamada de dívida externa.
Juros da dívida pública: quando o governo federal tem que buscar dinheiro no mercado financeiro para pagar as despesas que ultrapassaram o orçamento, ele paga juros incidentes sobre essa dívida.
Então aprendi que quando o governo federal não tem dinheiro para pagar as contas, vai ao mercado financeiro. Igual a gente que pega empréstimo ou cheque especial no banco para pagar dívidas. Pois bem, aí é que mora o perigo. Tanto para nós como para o governo: os juros. Juros que são cobrados dependendo do tomador. O governo federal diz quanto precisa em bilhões de Reais e então o Tesouro Nacional emite títulos da dívida pública. Esses títulos vão a leilão no mercado financeiro, onde bancos e instituições podem comprá-los. O governo vai tomar o dinheiro de quem cobrar juros menores, mas na verdade eles são altos devido ao risco.

Os bancos que aceitam emprestar o dinheiro que falta ao governo federal estabelecem a taxa mais o spread (remuneração do banco para a operação). As taxas dependem do risco que o freguês representa. No caso do governo brasileiro ele é alto. Só, que descobri mais uma coisa. O governo federal não toma dinheiro emprestado somente dos bancos. Pelo que entendi ele, o governo, na verdade não paga a dívida, pega mais dinheiro emprestado e paga mais juros. Rola a dívida. Mas há outras instituições que “emprestam” o dinheiro para pagamento da dívida pública.
Fonte: Tesouro Nacional

A Previdência é detentora de 1/4 da dívida pública federal

A Previdência detém, em números de Junho de 2017, 25,5% (atualizei hoje para junho de 2017), equivalentes a R$ 825,38 bilhões da dívida pública federal (DPF) que está em R$ 3,2 trilhões. Em dezembro de 2007 a dívida pública federal (DPF) era de R$ 1,22 trilhão e a Previdência contribuía com R$ 217,20 bilhões ou 17,7%. Entenda que a participação da Previdência na DPF aumentou 3,8 vezes no período de 2007 a 2017. Essa Previdência que querem mexer porque está deficitária. Interessante e intrigante, já que só de juros da dívida pública federal o governo pagou em 2016, R$ 407 bilhões. Só perdeu para os R$ 515 bilhões que foram para pagar a Previdência. Não é estranho? O gráfico e a tabala abaixo mostram como devemos nos preocupar.
Planilha do Tesouro Nacional. Acessada em 17/08/2017
Recomendo dar uma boa olhada na planilha acima para se ter uma ideia de como as instituições financeiras e os fundos de investimento diminuíram sua participação na DPF, desde 2007. Entre as instituições financeiras estão o BNDES e outros bancos estatais, conforme observação no final da planilha.

Ferrogrão na Amazônia: estudos atualizados pela EDLP, Ministério dos Transportes e Infra S.A.

Imagem: Outras Palavras Ferrogrão na Amazônia: estudos atualizados pela EDLP, Ministério dos Transportes e Infra S.A.   Telma Monteiro, ...