Como milhões de brasileiros, espero, estou tentando digerir os impactos nas nossas personalidades e nos planos de futuro das famílias.
Foto: Estadão |
Por Telma Monteiro
No final do ano passado,
depois da eleição em segundo turno, parece que ouve um súbito silêncio e uma
absoluta sensação de impotência e medo do futuro. Pelo menos foi o que eu
senti. Nosso pior pesadelo estava se consolidando e não haveria saída a não ser
enfrentá-lo. O ano de 2019 começou e com ele veio uma avalanche de desmanches
institucionais, sociais, políticos, pessoais.
Pessoas como eu,
acredito, devem ter tido a mesma sensação: a de que estávamos prestes a
vivenciar uma nova era no Brasil, a do retrocesso temperado com o autoritarismo
da ignorância. Como se confirmou, uma sucessão de situações constrangedoras, partiram
de um mandatário da República, que despeja sobre nós uma verve incontrolável
de obscenidades e ofensas dirigidas aos mais variados segmentos da sociedade. Junte-se uma equipe de governo desgovernada, com arestas afiadas em uma espécie de rolo
compressor que começou a remarcar um tempo que deveria estar confinado e morto no
passado.
Como milhões de
brasileiros, espero, estou tentando digerir os impactos nas nossas personalidades e nos planos de futuro das
famílias. Sinto-me violentada psíquica e fisicamente pelo presidente da
República, todos os dias. O Brasil vai sofrer muito para resolver isso. Os povos recordarão, no futuro, um tempo em que o dia virou uma noite interminável.
As
marcas nas nossas vidas já se fazem presentes, quando se vê familiares e amigos se
afastando uns dos outros, num clima novo, moldado pela desconfiança do
outro. Bolsonaro ressuscitou a
polarização e ambos os lados parecem estar numa torre de Babel de intolerância e desamor. É isso que sinto.
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