Belo Monte: Mega-projeto, Mega-riscos

Apresentação
Nos últimos anos, o governo federal tem intensificado os preparativos para a construção de uma série inédita de grandes barragens na região amazônica, iniciada com as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau no Rio Madeira. O próximo mega-empreendimento que o governo federal pretende construir, já a partir do início de 2011, é o Complexo Belo Monte, no rio Xingu.
Em qualquer empreendimento de grande porte, os riscos financeiros, legais e de reputação devem ser estimados com a máxima precisão, no sentido de minimizar a possibilidade de prejuízos severos e até irreparáveis para empreendedores, investidores, financiadores e sociedade em geral. Tal cuidado deve ser redobrado em mega-projetos como o Complexo Belo Monte que envolve um nível inédito de investimentos de recursos públicos. Esses recursos são garantidos, inclusive, pela emissão de títulos do Tesouro Nacional e por vultosos investimentos de fundos de pensão estatais e privados, para um empreendimento previsto em uma região de enorme vulnerabilidade social e ambiental, no coração da Amazônia Brasileira.
De fato, as grandes barragens têm sido consideradas como âncoras de modelos de crescimento econômico ao redor do mundo. Entretanto, uma grande quantidade desses mega-empreendimentos tem se caracterizado por elevados riscos financeiros, legais e de reputação relacionados aos impactos sociais e ambientais.
Este relatório apresenta uma análise criteriosa de riscos para investidores públicos e privados, atualmente ou potencialmente envolvidos no Complexo Belo Monte, baseado num extenso material produzido por diversas fontes: empreendedores, órgãos governamentais, cientistas e acadêmicos, entidades da sociedade civil, Ministério Público Federal, dentre outras. Na abordagem de riscos financeiros, legais e de reputação procurou-se adotar uma metodologia semelhante à das agências de rating. Ao mesmo tempo, procurou-se ampliar conceitos de risco para incluir parâmetros tipicamente menosprezados ou até mesmo excluídos de estudos de viabilidade econômica e análises financeiras de mega-empreendimentos.
Nesta publicação, buscou-se caracterizar processos institucionais adotados na análise do empreendimento e apontar os erros cometidos. Na ampliação de parâmetros de análise de riscos, em comparação àqueles utilizados em estudos convencionais, em termos quantitativos e qualitativos, foram incorporados elementos como o entendimento de riscos de longo prazo, riscos indiretos e riscos de reputação, que analistas financeiros frequentemente desconsideram quando predomina a lógica de mobilizar um grande volume de recurso financeiro no menor tempo possível.
O relatório foi concebido inicialmente para analistas financeiros que atuam em instituições públicas e privadas, atualmente ou potencialmente envolvidas no Complexo Belo Monte. No entanto, considerando o caráter eminentemente estatal e público do empreendimento, caracterizado por um consórcio dominado por empresas estatais (Eletrobras e suas subsidiárias Eletronorte e Chesf) e fundos de pensão de estatais (Petros, FUNCEF, Previ), assim como o financiamento por meio de empréstimos subsidiados e incentivos fiscais de instituições públicas como o BNDES e a SUDAM, buscou-se apresentar o relatório em um formato e linguagem mais acessíveis para um público mais amplo de leitores. Assim, a publicação evita termos técnicos de economistas, frequentemente utilizados em relatórios de analistas financeiros e excessos de dados quantitativos.

Com essa publicação esperamos contribuir para um debate mais amplo na sociedade brasileira a respeito dos conceitos de riscos e dos processos decisórios de investimentos utilizados em mega-empreendimentos como Belo Monte, sobretudo quando estes envolvem vultosos recursos públicos e investimentos de pensionistas de empresas estatais.  Continue lendo Belo Monte: Mega-projeto, Mega-riscos

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2 comentários:

  1. isso é uma grande lavagem de dinheiro e nada mais.....pra que issso..............

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  2. Não lhe conhecia até fazer alguns levantamentos sobre a região do Amazonas. Vi algumas postagens suas, e consegui compartilhar o meu coração com o seu...De tanto ver corrupção e intolerância no mundo eu me mergunto até quando vou me acovardar me ausentando da minoria no "front", de poucas almas que ainda anseiam por mudanças...
    Já presenciei lindos discursos, refleti sobre belas declarações, apaixonei-me por visões surrealistas de pessoas que respiram liberdade...Me sinto impotente diante da sociedade conrropida e cega, vi outro dia ao ver um cachorro magro andando na calçada, me vi na sua condição, e nesta pausa de reflexão tive um pensamento de cão e de filosofia humana...
    -Não me chuta, pois eu ainda mordo...
    Morder é uma condição de sobrevivência e de defesa canina, é institivo...Já a sociedade, inerte pela ilusão de uma vida melhor no amanhã, ou de uma fé, de que a vida vai melhorar, comete um erro crasso...Ou melhor dizendo, de tempo verbal...VAI? Não, não não...O correto é mudar o sentido do pensamento, tirar o vai que é uma expectativa, e pronunciar, CHEGA! E não basta apenas dizer um milhão de vezes, é preciso agir...Mas esta ação não pode produzir resultado se o rebanho de Gnus, ou a sociedade humana, continuar a vagar nas pradarias isoladamente facilitando a vida dos leões. Imagine este enorme bando de Gnus, organizados, comandados não por um líder mas por um instinto de conhecimento mútuo e uniforme, marchando com milhares de patas não para procurar novos pastos controlados pelos leões...Mas para pisoteá-los e mudar o rumo da história...
    Se a opressão e o sistema ainda se mantém no poder e se muitas revoltas em milhares de anos de vida social mostra o mesmo cenário, talvez tenha chegao a hora de parar de brigar com eles, mas sim brigar pela nossa liberdade...

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